Segundo o autor Brougère, o brincar não é algo
que o indivíduo faz naturalmente ou institivamente, como os animais, por
exemplo, mas sim uma atividade carregada de significados sociais que precisa
ser aprendida.
Na
brincadeira a criança se expressa, interage com o mundo, imita a realidade ao
mesmo tempo cria seu próprio espaço e elabora suas intenções voluntárias à
partir da fantasia. Levando essas idéias em consideração, que conclusão
chegaremos se observarmos o brincar de nossas crianças? O que nosso mundo
adulto tem ensinado aos pequenos?
De
que forma a nossa sociedade que privilegia o consumo tem refletido nas relações
da infância?
O
que tem sido mais importante para eles? O brinquedo ou a brincadeira? Poderíamos
responder que uma coisa não está separada da outra, que para brincar a criança
precisa do brinquedo e por isso deseja tanto ter os mais extraordinários
objetos que o dinheiro da família pode (ou não) comprar. E nós, adultos de boa
fé, cidadãos de bem, queremos o melhor para os nossos pequeninos, a alegria, a
euforia e o prazer de presenteá-los não tem preço. Certo?
E se
observarmos que, esse objeto cobiçado que serve
para brincar, depois de descoberto entre os papéis de presente, depois de
passada a experimentação é abandonado, jogado de lado junto a outros?
Podemos
observar também a intensidade do desejo de ter, a alergia de possuir e depois o
desprezo pela falta de novidade. E fica martelando na minha cabeça... o
desejo de ter... o desejo de ter... o desejo de ter. É uma necessidade? A
criança sabe brincar? Ela brinca? Imagina? Dá significados, contextualiza,
faz-de-conta com o brinquedo?
Eu
como professora de educação infantil, posso afirmar que se a criança sabe
brincar, ela transforma até mesmo a sucata, podemos observar em qualquer
parque, a criança que tem um convívio social com outras de diferentes idades,
explora muito mais os espaços, tem mais autonomia e brinca livremente com
qualquer outra criança que apareça, seja de faz-de-conta, com a areia, um
gravetinho no chão, uma bola murcha, um papelão vira carrinho e ao final do dia
a temos uma criança suja, cansada e transformada, porque certamente ali ela
aprendeu muito e teve momentos felizes.
Mas
a que é tratada como mini-adulto ou até superprotegida pelos pais provavelmente
será a que precisa de ajuda para brincar no escorregador, e até mesmo nessa
atividade ela poderá chorar e negar-se (pasmem, várias vezes vi isso
acontecer). Essa é aquela que ganha um presente explora suas cores e formas e
depois o joga no cesto que já está cheio, e como um monte de lixo é
inutilizado, dando lugar ao computador, a tv ou a outras ambições provocadas também pela publicidade e indústrias de
brinquedos cada vez mais glamorosas que faz a criança, que depois se torna
adulto, a querer substituir coisas menos adoráveis por outras mais
bonitas encantadoramente modernas, sedutoras e exclusivas.
Se aproxima o dia das crianças, neste dia tão feliz, o que ensinaremos para as nossas crianças?
ACHO QUE DEVO MUDAR A PERGUNTA, O QUE TEM SIDO MAIS IMPORTANTE PARA NÓS ADULTOS? DAR BRINQUEDOS OU ENSINAR A BRINCAR????
Agora não Bernardo: