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Sampa caótica, SP, Brazil
Um equilíbrio dinâmico entre o prazer e a dor.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A criança sabe brincar?

   

        Segundo o autor Brougère, o brincar não é algo que o indivíduo faz naturalmente ou institivamente, como os animais, por exemplo, mas sim uma atividade carregada de significados sociais que precisa ser aprendida.
       
           Na brincadeira a criança se expressa, interage com o mundo, imita a realidade ao mesmo tempo cria seu próprio espaço e elabora suas intenções voluntárias à partir da fantasia. Levando essas idéias em consideração, que conclusão chegaremos se observarmos o brincar de nossas crianças? O que nosso mundo adulto tem ensinado aos pequenos?

        De que forma a nossa sociedade que privilegia o consumo tem refletido nas relações da infância?

        O que tem sido mais importante para eles? O brinquedo ou a brincadeira? Poderíamos responder que uma coisa não está separada da outra, que para brincar a criança precisa do brinquedo e por isso deseja tanto ter os mais extraordinários objetos que o dinheiro da família pode (ou não) comprar. E nós, adultos de boa fé, cidadãos de bem, queremos o melhor para os nossos pequeninos, a alegria, a euforia e o prazer de presenteá-los não tem preço. Certo?

        E se observarmos que, esse objeto cobiçado que serve para brincar, depois de descoberto entre os papéis de presente, depois de passada a experimentação é abandonado, jogado de lado junto a outros? 

        Podemos observar também a intensidade do desejo de ter, a alergia de possuir e depois o desprezo pela falta de novidade.  E fica martelando na minha cabeça... o desejo de ter... o desejo de ter... o desejo de ter. É uma necessidade? A criança sabe brincar? Ela brinca? Imagina? Dá significados, contextualiza, faz-de-conta com o brinquedo? 

        Eu como professora de educação infantil, posso afirmar que se a criança sabe brincar, ela transforma até mesmo a sucata, podemos observar em qualquer parque, a criança que tem um convívio social com outras de diferentes idades, explora muito mais os espaços, tem mais autonomia e brinca livremente com qualquer outra criança que apareça, seja de faz-de-conta, com a areia, um gravetinho no chão, uma bola murcha, um papelão vira carrinho e ao final do dia a temos uma criança suja, cansada e transformada, porque certamente ali ela aprendeu muito e teve momentos felizes.

        Mas a que é tratada como mini-adulto ou até superprotegida pelos pais provavelmente será a que precisa de ajuda para brincar no escorregador, e até mesmo nessa atividade ela poderá chorar e negar-se (pasmem, várias vezes vi isso acontecer). Essa é aquela que ganha um presente explora suas cores e formas e depois o joga no cesto que já está cheio, e como um monte de lixo é inutilizado, dando lugar ao computador, a tv ou a outras ambições provocadas também pela publicidade e indústrias de brinquedos cada vez mais glamorosas que faz a criança, que depois se torna adulto, a querer substituir coisas menos adoráveis por outras mais bonitas encantadoramente modernas, sedutoras e exclusivas.



Se aproxima o dia das crianças, neste dia tão feliz, o que ensinaremos para as nossas crianças?

ACHO QUE DEVO MUDAR A PERGUNTA, O QUE TEM SIDO MAIS IMPORTANTE PARA NÓS ADULTOS? DAR BRINQUEDOS OU ENSINAR A BRINCAR????







 Agora não Bernardo:

Agora não, Bernardo!