Soul

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Sampa caótica, SP, Brazil
Um equilíbrio dinâmico entre o prazer e a dor.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Eu cativo, tu cativas...

"Eu nunca teria chegado a conhecer o poder se não o tivesse praticado e se não me tivesse tonrnado vítima da minha própria prática de poder.  Assim, o poder é triplamente familiar para mim: eu o observei, eu o pratiquei, eu o sofri"
 
Elias Canetti





 EU CATIVO, TU CATIVAS

                   Vou blasfemar sem medo! Pretendo humildemente tentar desmascarar a famosa frase do livro O Pequeno Príncipe que eu mesma já usei: "Tu és eternamente responsável pelo que cativas"

                  Como diria Jack... vamos por partes!
                 
                  O que uma pessoa pretende quando usa essas palavras? Entendo que a gente diz isso para para informar ao outro que ele nos conquistou. Até aí tudo lindo!!! O problema é o significado disso. Eternamente responsável pelo que cativas! De acordo com o dicionário, a palavra cativar significa tornar cativo; prender, acorrentar. Que fria heim meu amigo! O amor é a arma de chantagem mais poderosa que existe!!! Através dela conseguimos anular a liberdade, manipular, seduzir, dominar, castrar e até acabar com a vida de alguém!

                      É certo que SAINT EXUPERY tinha um objetivo muito nobre ao escrever este clássico. É de deixar qualquer intelectual envergonhado a gloriosa depreciação que o principezinho loiro faz dos orgulhos mesquinhos da humanidade. O livro tem um apelo emocional muito forte, e coloca em cheque a todo momento as nossas escolhas, como se fosse um cão farejando nossos "crimes". Negando nosso lado humano errante, o personagem é de uma perfeição angelical e pura, quase um Cristo menino! Mas neste livro poderíamos ter uma contradição muito grande, de um lado, essa crítica a miséria humana ridicularizando seus de fato, pequenos e breves dominíos, mas por outro lado, a raposa ensinou o princípe a aprisionar almas. SIM!!! Se assustou? Não concorda??? Bora lá... Como eu disse, poderia ter sido uma contradição, mas não foi porque a raposa deixou o principezinho partir. Fui reler a história para escrever este texto e me surpreendi com este detalhe, eu não tinha prestado atenção nisso: a raposa chorou sim, mas cada lágrima valeu a pena pois agora ela teria de quem se lembrar, nunca mais ela estaria só. Como é dificil deixar as pessoas que amamos livres para seguir, não é mesmo?
              No nosso desespero de amar, a gente morre e mata só com a ameaça de retirada, e muitas vezes a gente vê este amor morrer precocemente e dando lugar ao sentimento de posse e autoritárismo.   

Estou pensando a respeito disso... continuo em breve.